domingo, 8 de junho de 2008

"Resenha de O Dorso da Navalha de Nilson Santos."

Um texto em completa metáfora e de significado profundo e até mesmo constrangedor, pois desnuda uma realidade latente, mas essencialmente verdadeira e óbvia.
Referência aos tempos modernos, os que vivemos nos dias atuais.
A privação da posse de nossas afiadas navalhas é o discorrer em direção do abandono da filosofia, do pensar, do discutir, do principio humano de crescer, aprender e se aperfeiçoar, utilizando-nos do nosso mais nobre e fantástico recurso que é a criatividade, iniciativa e talento; óbvio aprendendo através de nossos erros.
Os senhores feudais do nosso tempo são: Instituições financeiras gigantescas, grandes traficantes e outros que se escondem atrás das brechas nas leis e põe à sua frente políticos desleais e desonestos para nos afirmar em constantes discursos que “tudo está bem”, e que as nossas inseguranças vão passar como que por encanto sem nenhum tipo de ação e/ou atitude.
Estamos apáticos, não somos; em nome do esmagador “mercado”, pertencente aos novos senhores feudais, nada podemos fazer e se tentarmos, sequer se rebelar ou se manifestar a respeito de qualquer coisa que vá a desencontro com que estipula ou determina o “mercado” somos tragados pelo gigante sem a menor cerimônia.
O verdadeiro conhecimento sempre esteve oculto e poucos, muito poucos, conseguem acesso; não é uma questão de disponibilidade e sim de conseguir encontrar o caminho através da Filosofia, Psicologia e Coragem.
Podemos inclusive citar um exemplo bem recente do impedimento de entrada na Espanha de Brasileiros em viagem.
Importante como o sistema trata de forma incisiva e contundente, inclusive implacável; aqueles que se opõem a ele, os que se rebelem e os que tentam expressar seus questionamentos.
O sistema quer nos tornar nômades de nós mesmos nos transformando e moldando aos seus interesses e criando uma nova raça de escravos, escravos estes de última geração que dominam a tecnologia e o saber. Escravos sem casa, sem cidade, sem pátria e óbvio, sem raízes.
Enfim, todos vêem e assistem tudo; apáticos e bem comportados.
Ratificando o pensamento do autor, brilhante e corajoso, deste texto maravilhoso, encerramos com a letra da música de Caetano Veloso “Fora da Ordem”.

Fora da ordem
Caetano Veloso
Vapor Barato, um mero serviçal do narcotráfico, Foi encontrado na ruína de uma escola em construção Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína Tudo é menino e menina no olho da rua O asfalto, a ponte, o viaduto ganindo pra lua Nada continua E o cano da pistola que as crianças mordem Reflete todas as cores da paisagem da cidade que é muito mais bonita e muito mais intensa do que um cartão postal Alguma coisa está fora da ordem Fora da nova ordem mundial Escuras coxas duras tuas duas de acrobata mulata, Tua batata da perna moderna, a trupe intrépida em que fluis Te encontro em Sampa de onde mal se vê quem sobe ou desce a rampa Alguma coisa em nossa transa é quase luz forte demais Parece pôr tudo à prova, parece fogo, parece, parece paz Parece paz Pletora de alegria, um show de Jorge Benjor dentro de nós É muito, é grande, é total Alguma coisa está fora da ordem Fora da nova ordem mundial Meu canto esconde-se como um bando de ianomâmis na floresta Na minha testa caem, vêm colar-se plumas de um velho cocar Estou de pé em cima do monte de imundo lixo baiano Cuspo chicletes do ódio no esgoto exposto do Leblon Mas retribuo a piscadela do garoto de frete do Trianon Eu sei o que é bom Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final Alguma coisa está fora da ordem Fora da nova ordem mundial.

Fonte:
http://www.caetanoveloso.com.br/

RECONTO VISUAL
Como seria um reconto visual do que retrata a música em relação direta com o texto, acredito que para isso se faz necessário ter algum talento ou talvez uma sensibilidade artística aflorada e madura o suficiente para podermos transmitir a quem quer que veja, a nossa visão, mas a proposta do artista nem sempre é essa na verdade, o artista só quer contar uma estória ou uma história, não sei. O que realmente achamos é que a estátua viva comparada a um dos quadros do fantástico “da Vinci” pode nos mostrar que realmente tudo está fora da ordem, fora da nova ordem mundial e que o dorso da navalha não corta e nem retalha, simplesmente arranha a superfície.

ESTÁTUAS VIVAS QUE REPRESENTAM UMA ARTE SERIAM IMPOSTORES?

Componentes deste GRUPO, “Olhando para o Futuro”:
Daniel Mangueira Leite
Marta Neves Bezerra
Rosiana Pereira Mourão

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